quinta-feira, 17 de abril de 2008

SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA




Balanço térmico natural: o ar entra por um grande vão entre a sala e a piscina, e sai, quente, por aberturas que ficam no forro; o acabamento em cor clara foi uma recomendação dos estudos, pois absorve menos calor.




Proporcionar conforto térmico em uma residência por meio das trocas de calor realizadas pelo corpo humano e pela ventilação natural do local. A Noosfera Projetos Especiais resolveu investir nesse sistema, junto a uma série de outros elementos sustentáveis, em uma casa ainda em construção na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, que promete ter o primeiro selo Leed para residências no Brasil.
Com consultoria da Livre Arq para questões acústicas, térmicas e de iluminação e também de especialistas do Labaut/FAUUSP (Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética), o projeto arquitetônico levou em consideração a ventilação natural no local e índices de temperatura em diferentes épocas do ano para criar um ambiente com um balanço térmico natural. As verificações de desempenho térmico foram realizadas com o auxílio de simulações computacionais, que traçaram a condição térmica do edifício a partir de análises horárias instantâneas. Dessa forma, foi possível definir o desempenho térmico não só ao longo de um ano típico, mas também em condições extremas.
Para atingir o chamado conforto térmico - ponto em que o organismo humano não sofre nenhum tipo de estresse por frio ou calor -, os estudos analisaram o posicionamento e dimensionamento de vãos e aberturas, incluindo a especificação de materiais, principalmente as superfícies envidraçadas. Apenas alguns ambientes, como as suítes e o lounge, por exemplo, terão sistemas de condicionamento artificial e ventilação/exaustão mecânica, respectivamente.
O modelo teórico para avaliação das condições de conforto é o balanço térmico entre o corpo humano e o seu entorno, troca que acontece por meio da pele e respiração. "Em qualquer sistema, se houver diferença de temperatura, tem-se a tendência de trocar calor. Assim, o balanço térmico sempre se realiza considerando que os corpos ou partes de um corpo, em um sistema fechado, irão trocar calor até entrar em equilíbrio energético", explica Alessandra Prata, arquiteta do Labaut.
O sistema de ventilação natural foi pensado para funcionar segundo o chamado "efeito chaminé", no qual o vento remove a carga térmica do ambiente, levando a temperatura interna do ar a valores mais próximos da externa.
Em função dos ventos, a entrada de ar principal se dá por uma grande abertura no piso térreo junto à piscina (2,1 m altura x 8 m largura). Essa abertura, segundo Leonardo Marques, também do Labaut, já era uma premissa do projeto arquitetônico, que queria integrar o interior e exterior do ambiente, de forma a utilizar esse espaço como um deck coberto na sala e à beira da piscina.
O ar entra pelos níveis mais baixos da residência e, inevitavelmente quente, sobe e sai pelos mais altos, por aberturas menores no forro - com 30 cm de altura ao longo de toda a largura dos ambientes - que funcionam como saídas de ar nos diversos andares da casa, em cômodos como a dependência de empregados, depósito, corredor e cozinha no pavimento térreo e suítes no pavimento superior. Com essa disposição, aproveita-se ainda o vento fresco que vem da água da piscina, que demora para esquentar.
A adequada operação dos sistemas de abertura ao longo das diversas estações do ano é essencial. "Há sempre a possibilidade de mudança de operação do sistema, buscando uma configuração de abertura ou fechamento de entradas e saídas de ar que favoreçam o resfriamento ou aquecimento da edificação", diz Leonardo Marques.
Fonte: Revista AU - Arquitetura e Urbanismo (por Andressa Fernandes).

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