sábado, 6 de novembro de 2010

CANADENSES GANHAM NA LOTERIA E DOAM 98% DO PRÊMIO

Idosos canadenses ganham na loteria e doam prêmio


Casal diz não ter conseguido se adaptar à vida de milionários


Hospitais onde Violet se tratava de um câncer receberam doações
Foto:Michael Gorman / AP

Depois de ganhar 11,2 milhões de dólares canadenses (R$ 18,7 milhões) na loteria, um casal de idosos do Canadá resolveu fazer uma viagem – para doar o dinheiro. Allen, 75 anos, e Violet Large, 78, saíram pela província da Nova Scotia, na costa leste do país, distribuindo o prêmio para hospitais, igrejas, organizações de caridade e até cemitérios.
Donos de uma centenária casa branca no topo de uma colina, rodeada por campos e ao final de uma estrada de terra em Lower Truro, eles estavam satisfeitos com a vida sem luxo e um Dodge 1987 na garagem. Para eventuais “dias difíceis”, guardaram apenas 2% do prêmio (aproximadamente R$ 374 mil), valor dividido entre eles próprios e os 15 membros da família – a imprensa canadense não informou se os dois têm filhos. E se livraram do que consideravam uma “grande dor de cabeça”:
— Você não sente saudade daquilo que nunca teve — disse Violet ao jornal Halifax Chronicle-Herald.

Caridade realizada, os Large pensaram que enfim teriam sossego. Encontraram nova preocupação. Com a história revelada no final da quarta-feira, o telefone começou a tocar a partir da manhã seguinte, ininterruptamente. Eram repórteres buscando explicações para um gesto tido como loucura pelo senso comum. Afinal, por que se deram ao trabalho de fazer a aposta se não tinham interesse em ficar com o grosso da bolada? A explicação: apesar de jogar duas vezes por semana na loteria, o casal não conseguiu se adaptar à fortuna. Para eles, ter um ao outro é apenas o que precisam na vida.
— Não temos grandes planos. Não viajamos muito, não saímos à noite — justificaram-se.

À época em que a sorte lhes bateu à porta, Violet se tratava de um câncer no ovário. Destinou parte do prêmio aos hospitais onde realizava quimioterapia – as sessões terminaram na semana passada. Para a imprensa canadense, ela se considera uma felizarda apenas por estar viva.

Allen, aposentado como soldador, contou a repórteres que ele e Violet trabalharam por cerca de 30 anos na província de Ontario, poupando dinheiro para viver em Nova Scotia quando se aposentassem. Sua esposa diz que o prêmio não foi doado para obter reconhecimento – apenas porque quiseram fazê-lo.
— Ninguém entende por que demos o dinheiro, mas nós não precisávamos daquela fortuna — afirmou Allen.
Violet estava receosa que pessoas desonestas pudessem tentar enganá-los. Um jornal que foi à casa dos Large recebeu e-mails de pelo menos três pessoas interessadas em localizá-los para conseguir uma doação.