sexta-feira, 14 de março de 2008

Médicos protestam contra descaso do poder público

Péssima infra-estrutura do atendimento público ocasionou a passeata
Eloisa Leandro - JB
O sucateamento da saúde pública e a falta de condições de trabalho dos profissionais da área levaram cerca de 30 representantes do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e do Sindicato dos Médicos de Niterói e São Gonçalo a protestar contra o descaso do poder público, em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap), na manhã de ontem. O objetivo foi apresentar aos pacientes as deficiências do hospital. A falta de médicos e recursos foi apontada como a principal causa do atendimento precário no Huap, embora seja referência na região. ­ Temos que mostrar para a população que o problema não parte dos médicos, mas sim, da falta de infra-estrutura e de recursos do hospital. Infelizmente, quem mais sofre é a população, porque ela é a mais atingida com o sucateamento da saúde pública ­ opina a presidente do Cremerj, a médica Márcia Rosa de Araújo, destacando que a ação faz parte do movimento Quanto Vale um Médico.
Baixos salários
Outra questão colocada em xeque foi a má remuneração dos médicos da rede pública de saúde. séria, não dá para o profissional se manter. O valor só chega a R$ 1,5 mil porque ganhamos gratificações ­ reclama o médico. Há 15 anos a categoria luta por um piso salarial nacional. Embora o piso de 10 salários mínimos tenha sido aprovado pela Câmara Federal, o Projeto de Lei foi vetado por dois presidentes, Itamar franco (PMDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No momento, o processo tramita no Congresso. ­ O problema é que o judiciário não faz nada e a categoria continua a receber salários vergonhosos ­ comenta Clóvis, lembrando que a categoria está há 10 anos sem reajuste salarial. De acordo com a presidente da Cremerj, a desvalorização da profissão dentro do sistema de saúde pública está fazendo com que profissionais recém-formados desistam do ingressar em hospitais da rede. ­ A situação está caótica. Médicos novos não querem trabalhar na rede pública devido aos baixos salários, enquanto os mais velhos estão se aposentando e morrendo ­ revela, incluindo que ao se aposentar, o profissional perde as gratificações. Ela destaca ainda que aproximadamente 150 milhões de pessoas dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) no país. Com um repasse de R$ 21 milhões por ano, o Hospital Universitário Antonio Pedro não consegue manter o andamento de todos os setores da unidade. Funcionários afirmam que faltam médicos especialistas, remédios, material, equipamentos e até roupa de cama. Para o coordenador de subsedes do Cremerj, Alkamir Issa, o Huap precisaria pelo menos dobrar a sua receita anual. ­ O Antonio Pedro hoje faz parte do modelo assistencialista, mas é um hospital universitário. A tabela do SUS paga menos de R$ 2 por atendimento ­ revela Alkamir. O vereador José Antônio Fernandez, o Zaff, do PDT, apoiou a manifestação e prometeu cobrar um posicionamento da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.

O salário fixo está
entre R$ 200 e R$ 300, ou seja, menos de um salário mínimo
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói e São Gonçalo, Clóvis Cavalcanti, a categoria ganha uma média de R$ 1,5 mil por mês, sendo o salário fixado entre R$ 200 e R$ 300, ou seja, menos de um salário mínimo (R$ 380). ­ O salário mesmo é uma mi
Bruno Dias
MANISFESTAÇÃO ­ Cerca de 30 médicos foram para o Hospital Antonio Pedro para protestar contra as péssimas condições de trabalho
por Eloisa Leandro - JB

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você é livre para expor as suas idéias, pensamentos,críticas e sugestões, mas lembre-se que respeitar o próximo é fundamental para que possamos ter uma contribuição positiva na defesa do novo mundo. O espaço é democrático desde que não haja palavras ofensivas.
O editor